Caminha tão rápido
Quanto a perna sã lhe permite
Em seu rosto flácido
A feição de um sorriso inexiste
Aonde vai o Sr. Sem Nome,
pelas ruas da cidade insône?
Suas vestes são velhas
Como articulações definhadas
Que por muitas guerras
Em sua vida foram judiadas
Aonde vai o Sr. Sem Nome,
o corpo descarnado pela fome?
Muitos anos carrega
Sobre os ombros arqueados
Muita tristeza expressa
No seu semblante tombado
Aonde vai o Sr. Sem Nome,
zumbi que à noite não dorme?
E eu a vislumbrá-lo
Sob este abrigo urbano, protegido
Ele a andar trôpego, calado
Na periferia do mundo, esquecido
Aonde vai o Sr. Sem Nome,
que na viela escura agora some?
Assim como surgiu, desapareceu
Um pálido espectro de homem
Só a pergunta permaneceu
Aonde ia o Senhor Sem Nome?
Autor: Sauro de A. Queiroz
Autor: Sauro de A. Queiroz